Reflexões para os pais nesse início de ano


Cris Netto

Vivemos momentos tensos nos últimos anos. Pandemia do Covid, violência nas escolas, altos índices de abusos e crimes cibernéticos. Nossa sociedade é tecnológica e vulnerável. Quando iniciamos novos ciclos, como por exemplo, o começo de um novo ano, muitas reflexões veem à tona. Respiramos. Saímos da água profunda na qual estávamos mergulhados e nos ancoramos nas primeiras pedras que encontramos.
Precisamos volta a ser aldeia. Nos primórdios das civilizações a humanidade vivia em tribos. Quando nascia uma criança, todos se uniam para ajudar na criação. Daí surgiu o ditado: “É preciso uma aldeia para criar uma criança”.
Hoje estamos isolados. Nossas tribos foram dizimadas pelas tribos virtuais. Conversamos com o colega da mesa ao lado pelo whatsapp. Há quanto tempo você não usa o seu celular para fazer uma chamada telefônica? Quem ainda tem telefone fixo em casa? Alguém ainda recebe e envia cartas?
Por estarmos tão distantes desta realidade analógica, estamos nos distanciando daquilo que realmente importa: tempo de qualidade com quem amamos.
Parece difícil entender que esse tempo de qualidade não requer quantidade. Pode ser 20 minutos. Esse é o máximo que uma criança de até quatro anos prende sua atenção em uma atividade. O que podemos fazer em 20 minutos?
Podemos ajuda-los a secar os cabelos, depois do banho. Perguntar como foi o dia, o que teve de interessante, se aprendeu alguma coisa nova. Apenas estarmos lá já é suficiente, se estivermos de corpo e alma, sem celular por perto. Na hora de dormir, ler uma história, cantar uma música, brincar de sombras e adivinhas. Quando acordar, cosquinhas e carinhos. Café da manhã juntos. São desafios diários que precisamos vencer. Se quisermos estar presentes na adolescência, temos que abrir as portas dos quartos agora, ainda na infância.
Os temas de casa nos deixam de cabelo em pé, mas são oportunidades de fixar o aprendizado e também aumentam a nossa conexão com as crianças e a escola.
Eles passam quatro horas ou mais na escola. Estão aprendendo e interagindo com seus pares. É uma imersão diária. Eles realizam dinâmica em cima de dinâmica. E nós, quanto deixamos de aprender quando não nos interessamos pelo dia deles, não olhamos seus cadernos, não participamos das atividades extras, pensando ser bobagem? Convido vocês a vestirem os óculos das crianças para enxergarmos:
- Quantos eventos corporativos os levamos? Não seriam essas nossas atividades extra-classe?
- Quantas horas extras fazemos? Não seriam esses nossos sábados letivos?
- Quantas dinâmicas de relacionamento já vivenciamos? Não seriam essas atividades diárias que eles fazem em pares, grupos, durante as tardes nas escolas?
As crianças aprendem nos ambientes que estão. Elas levam para a escola o que recebem em casa e repetem em casa o que vivenciam na escola. Por isso o discurso tem que ser uníssono.
Antes de começarmos um novo ano com os mesmos pensamentos de sempre, paremos 20 minutos para pensar e refletir sobre nosso papel enquanto seres ativos na educação e formação integral dos nossos filhos.

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Cris Netto

E-mail: cristiane.snetto@gmail.com

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