'Histórias quase, quase, quase, quase comuns'


Rachel Baccarini

“Histórias quase, quase, quase, quase comuns.” - Resenha

“Olhou para baixo. Havia uma mancha escura sob a água da piscina. Desceu a escadinha para ver mais de perto, era um pequeno vão retangular, onde faltava um azulejo. Tocou aquele lugar com o dedão do pé. O vão se esticou e formou uma fenda que permitia a passagem de alguém tão pequeno como ele. Mergulhou e enfiou a cabeça pela fenda. Dentro era seco e escuro. Fedia... a quê? Peixe, talvez. Vislumbrou algumas luzes flutuando na escuridão. Decidiu entrar, a fenda era elástica e lhe deu facilmente passagem. Viu-se no meio de uma feira. Em uma barraca mulheres descamavam os peixes e tiravam suas barrigadas, que jogavam a um canto, onde uma ninhada de gatos aproveitava os restos.”

Não há nada de comum nas histórias escritas por Christina Amorozo no seu primeiro livro “solo” publicado pela Editora Metamorfose. É possível comprovar isso no trecho acima, o início do conto “Desagregação”, onde nos vemos enredados numa realidade paralela, mas totalmente verossímil até para o mais cético dos leitores.
Christina escreve de forma inusitada e cheia de personalidade, imprimindo nos seus contos sua marca pessoal, tanto na forma como no conteúdo.
No conteúdo, ela nos conduz, de maneira tão natural, por situações insólitas, cheias de teor psicológico e temas atuais, revelando sua preocupação com os problemas sociais de nosso tempo. Como no conto “Identificação de um personagem”, repleto de humor e brasilidade. Ou em “Hora de sair” onde mostra um humor refinado e sarcástico ao lidar com sua própria inquietação quanto aos problemas sociais do nosso tempo.
Em outros contos, percebe-se também sua paixão pela natureza, ao valer-se da sua experiencia como bióloga para desenvolver a caçada ao “tietê-de-coroa” por um americano na Mata Atlântica, no conto “Passarinho, passarinho”, metáfora para uma preocupação mais ampla com o meio ambiente.
Na forma, Christina inova com seus diálogos incluídos no corpo da narrativa e sem marcações, que tornam a escrita mais fluida, sem prejuízo para o entendimento e a simplicidade do texto.
Sua familiaridade com a biologia e o doutorado em Antropologia permitem que essas duas áreas do conhecimento enriqueçam seus textos, tornando-os mais intrigantes e algumas vezes enigmáticos.
Tudo isso torna “Histórias quase, quase, quase, quase comuns” um desses livros deliciosos de se ler.
O lançamento do livro será em SP-capital, no dia 08 de novembro 2022, às 19h no Bar Balcão na Rua Dr. Mello Alves 150. Mas o livro já está na pré-venda no seu Instagram. Para mais informações, acesse o site da autora: www.christinaamorozo.com.br


deixe um recado | voltar

Rachel Baccarini

E-mail: rachelbaccarini@hotmail.com

Pageviews desde agosto de 2020: 1713

Site desenvolvido pela Plataforma Online de Formação de Escritores