Gabriela Checchinato Facchini
Sendo o longa mais esperado da Disney, para 2021, Cruella, que estreou em 27 de maio no Brasil, despertou em todos sentimentos ambíguos, assim como sua protagonista. Em seu país de origem Estados Unidos, com direção de Craig Gillespie e roteiro de Dana Fox e Tony McNamara, Cruella conta com um elenco brilhante e muito versátil, entre os principais nome estão Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Emily Beecham e Mark Strong. Enquanto gênero o filme é classificado como comédia/aventura, mas despertou certo suspense durante seus 137 minutos.
Falando um pouco do roteiro, a inovação invadiu o texto original, de Dodie Smith... Nota-se que é um caso claro de desenvolvimento da história a partir da personagem e não ao contrário; o que faz com que o texto oscile junto com os movimentos da protagonista. A menina nasce com sua dualidade estampada como um signo, quase como um efeito Kuleshov, que nos faz associar suas cores de cabelo às diferentes tipos de personalidade dentro dela.
O roteiro é introduzido de forma a traduzir a jornada interna de Stella “lado bom” em sua tentativa de se sobressair. Contudo, quando sua mentora morre, a clássica jornada do herói é desfeita, a protagonista perde a direção; a personagem cresce e junto com ela o roteiro, neste momento é possível perceber as diferentes camadas que desabrocharam dentro dela, que deixou de ser uma personagem plana, e passou a ser uma personagem esférica, complexa.
Surge a Cruella anti-herói, mas porque esta classificação? Ao perpassar o paralelismo de ser somente boa ou má, ela não poderia se herói e nem vilã, encaixando-se portanto na qualidade intermediaria, o que a faz tornar-se próxima a realidade humana e por tanto de fácil identificação com o público, que poderia portanto ser mais abrangente, o que geraria mais lucro, o que foi uma jogada e tanto.
O ápice de toda a transformação, ou melhor do reconhecimento de Cruella de si própria, foi o monólogo, muito bem descrito pelo roteiro, que utilizou da figura da mãe sem um objeto físico, portanto com possibilidade de objetificação infinita, podendo até ser intendido que a personagem dialoga com o público nessa hora.
O filme poderia ter acabado ali, mas seria uma deixa para o empobrecimento da personagem, por isto o roteiro continua, continua deixando bem clara a influência dos anos 70, da atitude, e do Rock.
“Mas o roteiro de Cruella é ainda mais peculiar: McNamara e Fox desenvolveram-no a partir de uma história escrita pela showrunner de Crazy Ex-Girlfriend, Aline Brosh McKenna, em conjunto com a roteirista de Venom e 50 Tons de Cinza, Kelly Marcel, e com Steve Zissis, responsável pela série Togetherness. Claro que todos eles basearam a ideia no livro de Dodie Smith, autora de 101 Dálmatas, publicado em 1956.” (JULIA SABBAGA, OMELETE.)
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