Autoestima e Amor-Próprio: Você tem?


Karen Minatto

Fomos acostumados a aceitar pouco. A nos encaixar. Desde muito cedo nos foram determinados os padrões de como agir, de qual a melhor profissão a seguir e do tipo de relacionamento que deveríamos ter.

Carregamos na veia a ancestralidade, a criação que tivemos. Temos tatuados na alma o modo como fomos educados e o jeito certo de se portar.

Nos apresentaram um script pronto e nos foram alimentadas algumas ideias como, por exemplo, a de que para ser alguém e ter futuro e sucesso profissional seria necessário fazer uma faculdade e ter um diploma.

Nos ensinaram que para estar em um relacionamento amoroso de valor precisaríamos nos encaixar, nos adaptar, ceder, agradar e, muitas vezes, engolir certos sapos em prol da durabilidade da relação.

Nos foi implantada a ideia de que relacionamentos seriam para sempre e, diante dessa premissa, por muito tempo, aprendemos a nos equilibrar, nos esforçar ao máximo para manter uma relação que, em vários casos, já não existia mais e que, quando terminou, acabou gerando frustração, sensação de incapacidade pessoal e culpa.

Hoje em dia muita coisa mudou. Diploma não é mais garantia de sucesso profissional e de dinheiro no bolso. Só fica em um relacionamento quem quer e quem se sente bem dentro dele, e a grande gama de possibilidades profissionais abrem a porta para a mudança de emprego e de carreira se assim quisermos.

Ocorre que, apesar dessa nova realidade, mesmo que inconscientemente, ainda carregamos certas crenças imperceptíveis e que acabam por afetar a nossa vida.

A formação da autoestima de uma pessoa se dá na infância, mais precisamente dos zero aos doze anos de idade, e acontecimentos que nos afetam nesse período acabam refletindo em nossa personalidade quando adultos, respingando no modo como nos enxergamos, no nosso amor-próprio, na forma como agimos com os outros, na nossa ideia de merecimento e no que aceitamos ou não.

Segundo a psicologia e a PNL, a autoestima é formada por meio da capacidade dos pais, tutores, ou responsáveis, de comunicar amor da maneira correta, ou seja, através do elogio sequencial e frequente pelo que a criança é, da atenção plena dada a ela, da exclusividade, e da demonstração de afeto via gestos, como, por exemplo, abraçar.

Assim, algumas marcas ou distorções concebidas pela criança geram sentimentos relacionados ao seu amor-próprio, à sua autoestima, ao seu autovalor, e ao seu merecimento quando adulta.

Quando crescemos, já com a personalidade formada, conseguimos entender a razão de determinada atitude de nossos pais, familiares, professores, tutores, contudo, aquela criança lá atrás não entendeu, e essa falta de entendimento pode carregar, de forma inconsciente, algumas feridas emocionais. Feridas essas, que nos acompanham durante a vida.

Desta forma, e diante dessa realidade, entendo ser primordial o olhar para dentro, o trabalho interno de nos percebermos como pessoas e seres humanos. Uma autoestima em dia requer que façamos a pazes com a nossa ancestralidade, e que possamos acolher com afeto a nossa criança interior.

Quando temos essa percepção de nós mesmos, as possíveis crenças de rejeição, de abandono ou de desvalorização deixam de controlar as nossas vidas. Isso não quer dizer que elas não existam, mas sim, que aprendemos a lidar com elas de forma pacífica, não nos deixando controlar por sentimentos de inferioridade, que possam vir a surgir, e por gatilhos emocionais desproporcionais e destrutivos.

Muitas pessoas culpam a autoestima baixa por ser o motivo de determinadas atitudes que possuem, quando, na realidade, ela é o resultado de suas escolhas. Uma escolha malfeita por alguém com a ferida aberta acaba resultando, mesmo que por tabela, em mais baixa autoestima.

Independente das crenças que possam habitar em nós, precisamos ter a consciência e realizar um trabalho interno de não nos acomodarmos com o mais ou menos, de não aceitarmos pouco e de não tentarmos nos encaixar aonde não tem espaço para a gente. É preciso trabalhar o autocuidado e o merecimento. Porque sim, merecemos o melhor.

Além disso, sob o meu ponto de vista, devemos abolir a culpa, o julgamento e a necessidade de perfeição. Somos imperfeitos por natureza e não compete a nós sermos nossos algozes ou vestirmos o papel de vítima frente às decisões e escolhas alheias. A decisão e a postura do outro é sempre do outro. Cabe a nós aceitar pouco e ficar, ou abandonar o barco diante de determinada atitude.

Amor próprio, nada mais é, do que eu saber colocar a minha necessidade acima dos desejos dos outros. Exatamente por isso, a importância do autoconhecimento. É através dele que passamos a reconhecer essas necessidades e a entender os nossos limites.

Precisamos aprender a nos aceitar como somos e a nos priorizar. Esqueça a necessidade de aprovação alheia, ela só reflete a sua própria falta de aprovação.

Então, se o trabalho está ruim, se permita mudar; se algo está te fazendo mal, use da comunicação não violenta e fale; se se sentir desrespeitado ou ignorado vá embora, não precisa dar explicação, apenas vá. Se a pessoa não sabe te valorizar pelo que você é, se afaste dela.

Em contrapartida, seja empático. Respeite o momento, a escolha do outro e a situação que se apresenta. Evite julgar, mas se afaste se ficar naquele lugar for lhe causar desconforto. Aprenda a impor limites, a respeitar os teus limites. A dizer não, quando ele precisa ser dito.

Tudo isso está diretamente ligado a como nos enxergamos e ao valor que damos a nós mesmos. Quem se conhece, sabe a potência que é e o diferencial que possui, dessa forma, não se sujeita a um emprego que não satisfaz, a um relacionamento meia boca, a relações e amizades não recíprocas.

Quem tem autoestima e amor próprio não se esforça para agradar e não tenta caber em locais que não lhe cabem, seja trabalho, amizades, família, relações pessoais e relacionamentos.

Se enxergue, se aceite, honre seus ancestrais, aprenda os seus limites, entenda as tuas crenças, compreenda os seus sentimentos e qual a origem deles e, acima de tudo, se ame, se ame muito.

Ame o seu corpo, a sua personalidade, o seu jeito, as suas aptidões, os seus defeitos. É tudo isso que faz você ser quem é. Único.

Não se ame por causa do outro, pelo que o outro te faz sentir, se ame por você, pelo que você é, em essência. Entregar a autoestima e a alegria de viver em mão alheia é um caminho sem volta para a frustração.

A relação mais importante que temos na nossa vida é a relação com a gente mesmo, portanto, aprenda a se respeitar acima de tudo. Somente dessa forma os outros vão começar a te respeitar também.






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Karen Minatto

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