Emoções


Cris Netto

Show em auditório vazio. Plateia virtual. Tradições reinventadas em um mundo pandêmico. Qual o valor de manter um velho hábito, em uma situação totalmente nova?

Lembro de esperar ansiosa o Especial do Roberto Carlos. Não gostava das músicas. Mas ele significava que o Natal estava próximo. Todos os especiais da tv construíam essa magia. Era o fim de um ciclo. A proximidade das férias de verão. A permissão para dormir mais tarde. A emoção da minha mãe com músicas que marcaram a adolescência dela.

Hoje, depois de muito tempo, reencontrei o Rei em um especial de Natal. As mesmas músicas, os mesmos convidados. Só que agora sem plateia. Com palmas eletrônicas. Sem rosas distribuídas.

A fé, tão característica dele, ali presente na canção Dias Melhores, do Jota Quest. O amor, representado pela Sandy e pelo Lucas. A amizade no trio da Jovem Guarda. Tudo como sempre foi. Só faltou o motivo maior para todos estarem lá. O público. O povo. Aqueles que, assim como eu, tem memórias de infância embaladas pelas músicas de Roberto Carlos. Viramos nomes pipocando de tempos em tempos na tela.

Pessoas viraram letras. Na frieza do tele prompt. Sem o calor das palmas, dos abraços, dos sorrisos, das lágrimas.

Está tudo diferente, tentando ser normal.

Só não sei se estamos reaprendendo a viver ou apenas enfeitando a sobrevivência.

Nas palavras do Rei, o importante é que emoções eu vivi.

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Cris Netto

E-mail: cristiane.snetto@gmail.com

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