Planejamento e frustração andam juntos

Cris Netto

Planejar é uma forma de organizar a vida. Encontrar caixinhas para cada coisa, nomear áreas da vida para priorizar. Listar tarefas, agendar compromissos, criar checklists. Há quem diga que não consegue dormir sem conferir a agenda do dia seguinte.

Eu já tentei ser dessas. Mas toda vez que eu tento planejar alguma coisa, vem a vida e atropela tudo com as suas urgências.
Mesmo sendo super ativa no ano escolar do meu filho, aquela que lembra o grupo de quando tem lanche especial, fantasia, aniversário das profes, não consegui ir na cerimônia de encerramento. Esqueci de combinar com os russos, ou nesse caso, com os vírus da gripe e das alergias sazonais.

A primavera se despede de nós deixando um quadro viral no meu filho, na véspera da apresentação de final de ano da escola. Tão esperada por mim e preparada com carinho por ele e pela turminha. Nesse caso é só uma gripezinha mesmo, mas que me tirou de cena.

No dia da apresentação, houve silêncio no grupo de mães de minha parte, não tinha nada para postar, nem lembrar. Não pude compartilhar nenhuma emoção. Nessa hora o meu lado vulnerável falou mais alto, deixei rolar as lágrimas, lembrando que nem tudo pode ser planejado. As expectativas são minhas e a frustração atreladas a elas também.

Não é nada de grave, disse a médica, nada com que se preocupar. Eu agradeço a isso, com certeza. Só lamento que esse diagnóstico não sirva para a decepção que senti vendo a cadeira vazia nas fotos da turma. Sou grata por chegarmos ao final de mais um ano de pandemia com saúde, mas as perdas de momentos que não voltam continuam. .

Estou aceitando cursinho que me ajude a colocar as frustrações em uma das caixinhas do planejamento. Porque vou continuar tentando em 2022, planejar e organizar. Talvez tenha exito.

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