Dilema


Ana Helena Reis

Uma decisão da maior importância para uma mulher é qual o formato vai dar para o seu penteado. Primeiro porque ele é um cartão de visitas, a primeira coisa que as outras mulheres vão reparar e comentar. Ele diz muito a respeito do estilo da pessoa, demonstra o quanto ela está antenada com as tendências da moda, e, muitas vezes, dependendo do grau de maldade das amigas “intimas”, é uma pista sobre o tipo de salão que a pessoa frequenta, ou seja, um salão de primeira ou de segunda linha.

Até aí, nada de novo. Outro dia, porém, me vi em frente ao espelho, cabelos molhados e uma decisão a tomar: “devo pentear o meu cabelo com as pontas viradas para fora ou para dentro?” falta esclarecer que se trata de um cabelo bastante liso, portanto esse detalhe das pontas é que dá o toque ao visual.

Comecei a pensar que essa escolha não é somente estética; existe aí algo mais subjetivo que norteia o ímpeto de virar as pontas para dentro ou para fora. Passei a lembrar em que momentos decidi pelo estilo mais Channel, e aqueles em que a decisão pendeu para o mais esvoaçante, ajudada p or algumas fotos.

A relação da direção das madeixas com o estado de espírito ficou claríssima! A escolha dos cabelos voltados para dentro estava relacionada a momentos de maior introspecção, maior formalidade, sugerindo até um certo romantismo.

Os cabelos com as pontas jogadas ao vento estavam presentes em situações de alegria, diversão, informalidade, passavam uma impressão mais jovial.
Essa descoberta me trouxe um sério problema – comecei a aplicar a regra para analisar os cortes de cabelos masculinos e fui buscar algumas relações.

Cabelo comprido? Pessoas criativas, mais sonhadoras. Entre os mais velhos, denota uma tentativa de manter a eterna juventude, resquícios da vivência nos anos 70.

Cabelos raspados? Mais comum entre homens inteligentes e decididos, que gostam de marcar presença, serem notados e criar um estilo marcante.

Topete? O preferido dos sonhadores, nostálgicos, românticos.

Virou um vício, uma coisa terrível da qual não consigo me livrar. Fico observando as pessoas na fila do caixa do supermercado, no ponto de ônibus, no trabalho, e acabo fazendo outras relações entre a personalidade e estilo de cabelo, tanto dos homens como das mulheres.

Solução? Pelo menos em relação ao meu cabelo, decidi usar reto, nem para fora nem para dentro. Interpretem como quiserem.

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