A ajuda que atrapalha


Cris Netto

A Assistente do Google me pergunta: Como posso ajudar? Vontade de dizer: coloca a roupa para lavar, lava a louça, passa um pano no chão...
Então, para sacanear, digo: Limpa a casa para mim? Ela se acha esperta e me diz que suas capacidades de limpeza são iguais a dos produtos milagrosos, não passam de palavras! Desaforo, robozinha metida! Digo que ela é engraçadinha e ela começa a contar piadas sem graça. Perco a paciência e digo coisas não muito amigáveis. Ela diz para eu não falar assim com ela. Peço desculpas e ela insiste em perguntar se pode me ajudar. Desisto.
No final das contas, a assistente virtual nos representa mais do que gostaríamos. Mesmo sendo ofendida e mal tratada, ainda quer ser útil. Nessa brincadeira com a Google, já passou o caminhão do lixo e meus cestinhos continuam cheios. Melhor largar o telefone e começar a faxinar antes que o dia acabe.
Todo o diálogo acima poderia ter sido inventado, mas não foi. Hoje estamos tão dependentes desses aparatos tecnológicos que, desde a hora em que levantamos, até o pôr do sol, ficamos condicionados às capacidades desses monstrinhos e delegamos a eles até mesmo a mais primitiva das ações: de nos relacionarmos, agora não mais entre humanos, mas numa díade perigosa homem-màquina.

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Cris Netto

E-mail: cristiane.snetto@gmail.com

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