Los gatos


Magda Souza

Muitos escritores, além do caderno, caneta ou lápis, computador e ideias que foram anotadas em caderninhos, precisam de um gato para perscrutar seu processo criativo. Eu vivo com a lembrança de uma companheira felina que durou 18 anos, não saí do luto, tenho a imagem dela presa na parede, atrás da cadeira que sento para escrever. Se estivesse viva, estaria por perto, deitada na almofada do sofá, embaixo da mesa no assento da cadeira, no parapeito da janela ou em cima da cama. Demonstram indiferença, mas estão sempre próximos e insistentes em suas necessidades. Alguns não fazem questão de serem receptivos com visitas, mostrando-se tranquilamente esnobes, mesmo recebendo alisada de uma mão solicita, não fazem questão de agradar. O dono que se desculpe pelo seu comportamento. Ernest Hemingway, Jorge Luis Borges, Charles Bukowski, Sartre, que afirmava que estamos condenados à liberdade – disse quem é mais livre que o gato? Edgar Alan Poe, Charles Baudelaire, Lewis Carrol, H.P. Lovecraft, Carlos Drummond de Andrade, Julio Cortázar e Stephen King.

– O gato não é humilde – diria Lygia Fagundes Telles.

– São pequenos imperadores sem orbe – conjecturaria Pablo Neruda.

– O gato que nunca leu Kant, é possivelmente um animal metafísico – comentaria Machado de Assis.

– Dormem sem hesitação e sem remorso até 20 horas por dia e como todas as criaturas puras, são práticos – afirmaria William S. Burroughs.

– Oferecem ao escritor algo que os humanos não conseguem, companhia que não é exigente, nem intrometida, que é tão tranquila e em constante transformação quanto um mar plácido que mal se move. São ainda implicantes e vaidosos, traços inconfundíveis, apesar de nem sempre confessáveis, também daqueles que rendem suas horas à escrita – observaria Patrícia Highsmith.

– Tem honestidade emocional absoluta, os seres humanos, por razão ou outra, podem esconder seus sentimentos, mas os gatos não – defenderia Hemingway.

Charmosos, peludos, laranjas, negros, brancos, acinzentados, persas, siameses, vira-latas, os gatos conquistaram espaço em antologias. Belos, diversos, ágeis e esfíngicos, possuem existência transgressora. Burroughs diria – os gatos não tem noção do que é certo e do errado, estão acima do certo e do errado.

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Magda Souza

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