Somos tantas e somos únicas


Cris Netto

Quando nascemos como mães, ganhamos super poderes, que vão desde adivinhar a previsão do tempo, até curar com beijos joelhos ralados.

Viramos heroínas, fadas, princesas, bruxas e o que mais a imaginação dos filhos desejar. Reaprendemos a brincar. Jogamos bola, ao invés de pular corda, lutamos com bonecos, com a mesma naturalidade como antes brincávamos de casinha. Montamos robôs que se transformam em carros e verdadeiras cidades com tijolinhos de madeira, essa sim, a mesma brincadeira de antes. Aprendemos a fazer penteados incríveis, que vão muito além dos rabos de cavalo que nos acompanham todos os dias. Nossas bonecas agora falam e caminham de verdade, enquanto tentamos vesti-las.

Superamos a dor do parto, a angústia da separação e a dor de pisar descalça em peças de legos espalhadas pelo chão.
Esbravejamos pela bagunça, com a mesma intensidade com que nos orgulhamos das garatujas e das letras desalinhadas ainda em formação.

Somos as malvadas na hora do banho, das tarefas, do guarda-guarda, mas o porto seguro no despertar noturno, depois de um pesadelo.

Pagamos língua repetindo comportamentos antes inaceitáveis. Nos contradizemos, criamos novas crenças e, dependendo do tempo de isolamento, passamos até mesmo a acreditar que o chão é lava.

Não podemos matar o vírus, nem fabricar vacinas, mas bem ao estilo de "A vida é bela", nos transformamos em professoras, amigas, instrutoras de ginástica, fada do dente, coelhinho da Páscoa e Papai Noel.

Não podemos sair de casa em tempos de pandemia, mas podemos (e como devemos) parar a reunião para receber um buquê de flores no Dia da Mulher, dar bom dia para quem acabou de acordar, quando já estamos na segunda call da manhã, ou ainda, desviar o olhar da tela quando aquele som conhecido de queda seguido de choro chega até nós, bem na hora que o microfone está aberto e nós estamos falando.

Repetimos muito mais do que gostaríamos "Agora não posso", do que os incansáveis "Manhê, cadê?" Que sempre surgem nas aulas on line ou nas transmissões ao vivo.

Somos tantas e somos únicas. Cada qual com uma história de superação, de transformação, de adaptação, de descobertas e redescobertas.

E é por tudo isso que, neste Dia das Mães, abraçamos, mesmo que virtualmente, as filhas, que agora são também mães. Feliz Dia!

Texto produzido para o Dia das Mães, para todas as mães do Tecnopuc.

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Cris Netto

E-mail: cristiane.snetto@gmail.com

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