Tudo dois


Soraya Jordão

Vem cá, filho. Senta aqui. Eu e seu pai queremos conversar com você.
— Ah, mãe. Eu já fiz o dever. Me deixa jogar.
— João, obedece sua mãe. Você vai jogar, mas vamos conversar primeiro.
— Que chato. Fala.
— Filho, seu pai vai morar em outra casa.
— A gente vai mudar de casa?
— Não, só seu pai que vai. Eu e você vamos continuar aqui.
— Por quê? Eu não quero. Pai, é mentira, né?
— Filho, seu pai já decidiu isso.
— João, não vai ser ruim, acredita no papai. Você vai ter duas casas, dois quartos, duas festas de aniversário. Vamos acampar juntos, só os meninos.
.— Eu não quero ter duas casas. Mãe, pede pro papai ficar. Mãe, você está chorando?
¬— Filho, nós ficaremos bem e o papai também. Agora pode ir jogar.
— Pai, eu não quero que você mude de casa. Você não vai.
— João, papai vai continuar perto de você. Vou te pegar na escola, te levar no futebol. Vai ser tudo do mesmo jeito, só vou morar em outra casa. Acho que vai ser até melhor, vamos ficar mais tempo juntos, só nós dois.
—Não quero, para de falar isso. Quero que você fique aqui. Pai, vem jogar comigo.
— João, eu e sua mãe já conversamos e decidimos. Agora parece ruim, mas você vai se acostumar e vai até gostar. Já pensou que você vai ter dois videogames?
— Eu não quero ser igual ao Pedro. Ele disse que é horrível ter duas casas, duas festas, dois videogames, dois pais, duas mães e dois problemas.





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