Seria o gato? (Crônica)


Mara Lígia Biancardi

Eu me deparei com um gato preto. Ele me encarou e eu o encarei. Ficamos segundos um observado o outro. De repente ele cruzou minha frente, desesperada pensei um dia de azar. Diz a superstição que por ter hábitos noturnos o felino tinha parte com ...e tornou-se inseparável da figura da feiticeira.
Mas, deixei para lá... continuei andando até o carro, peguei o carro, no meio do caminho, o pneu furou...logo hoje, pensei, não posso chegar atrasada, minha chefe me esgana. Um rapaz estava ao meu lado e me ajudou rapidamente.
Cheguei em cima do horário da apresentação de um fornecedor. Quando fui preparar a sala de projeção, alguém havia tirado o adaptador de lá. O gato preto seria a causa?
Corri em outra sala, consegui encontrar. Preparei tudo em minutos rasos, a apresentação se iniciou.
De volta para minha sala, precisava entregar um relatório de fechamento das atividades do mês, até ontem estava tudo certo, ao abrir o computador, o arquivo não estava mais lá. Meu Deus!!! O que está contra mim, o gato? Procurei em todos as pastas...não encontrei. Ela me chama: “Simone, por favor, pode vir aqui um segundo.”
Esse segundo levou uma eternidade! Entrei na sua sala, porém apenas me perguntou algumas informações. Voltei para encontrar o arquivo do bendito relatório. Não encontrei. Esse gato!!
Hora do almoço, hora feliz!! Fomos almoçar, quando estava terminando, um colega do trabalho bateu a mão no meu braço e caiu suco na minha saia. Era tudo o que eu precisava. Fui ao banheiro, dei uma “limpada”, mas aquilo me incomodou a tarde toda, ora sentia o cheiro do suco, ora sentia o seu melecado.
Recomecei a fazer o relatório, pois precisava entrega-lo até o final da tarde. Entretanto, o telefone não parava de tocar, minha colega da mesa ao lado, tinha brigado com o namorado e não parava de se lamentar, meu colega de trabalho, o do suco, foi diversas vezes na sala para verificar se o estrago não tinha sido tão grande, se eu queria que comparava uma saia nova, aiaiaiai, que gato tempestuoso!!!
E assim foi minha tarde, mas mesmo assim dei conta do conhecido relatório. Ao fechar a página depois de salvo, aparece a página do outro relatório aberta. O quê??? Fiquei desacreditada. Não era possível uma coisa daquela. De qualquer forma, havia terminado, enviei e tudo parecia certo.
Hora de ir embora, hora mais feliz!! Saí do escritório amassada e surda, sem disposição, que dia hein!! Encontrar aquele gato não foi legal. Bom, chegar em casa e fazer a janta. Mauro sempre chegava com muita fome.
coloquei tudo para cozinhar, a carne para fritar, quando o celular tocou, era Marinalva, uma amiga de longa data, dizendo que o marido estava em crise e queria sair de casa. E lá fiquei consolando minha amiga, quando me dei por conta que a carne tinha queimado. Droga! O gato novamente? Seria eu supersticiosa??
Assim que mauro chegou, contei a ele tudo o que havia acontecido. Ele riu. Riu da minhas desgraças, fiquei furiosa. Mas depois comentou comigo, que desde da noite anterior tinha me lamentado toda, não estava bem. Levantei de manhã, ainda não estava melhor. Estava tendo semanas de sobrecarga, cabeça esquecida, problemas diversos, sugeriu até fazer terapia.
De início, até concordei com ele, mas depois fui me deitar pensando naquele maldito gato preto que havia cruzado meu caminho.

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Mara Lígia Biancardi

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