Meia-noite em Paris


Aline Peterson

“É isso que o presente é: é um pouco insatisfatório, porque a vida é insatisfatória.”
Escrito e dirigido por Woody Allen, Meia-noite em Paris (Midnight in Paris) é um filme de 2011 estrelado por Owen Wilson (Extraordinário), Marion Cotillard (A Origem) e Rachel McAdams (Diário de uma Paixão), vencedor do Oscar e do Globo de Ouro de melhor roteiro original, além de ter sido indicado a outras categorias que incluem melhor direção e melhor filme. Escolhido para a abertura do Festival de Cannes em 2011, o filme segue a tendência dos últimos trabalhos do diretor na Europa, como Match Point (2005) e Vicky Cristina Barcelona (2008). Foi o longa de maior sucesso nas bilheterias de toda a carreira de Woody Allen, maior ainda que Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977).
O protagonista Gil Pender (Owen Wilson), um roteirista bem sucedido, mas insatisfeito, vai passar as férias em Paris com sua noiva Inez (Rachel McAdams). Gil tenta arduamente terminar seu primeiro livro, que traz como personagem principal um homem que trabalha em uma “loja de nostalgia”. Ele é desencorajado o tempo todo por Inez, que incentiva o noivo a escrever mais um de seus roteiros lucrativos. Em certo momento, eles se juntam ao pedante e arrogante amigo de Inez, Paul (Michael Sheen), e sua esposa Carol (Nina Arianda). Paul fala com grande autoridade, mas com precisão questionável sobre diversos assuntos, chegando a contradizer uma guia de turismo no Musée Rodin (Carla Bruni).
Desde o princípio do filme, a paixão de Gil por Paris nos dá indícios da nostalgia que envolve o enredo, quando, por exemplo, ele cita Monet e outros artistas em uma Paris do século 20: a Paris dos seus sonhos, em uma tentativa de matar a saudade de uma época que ele não viveu. Além disso, todo seu encantamento pela cidade é revelado ao expressar sua vontade de morar em Paris, enquanto a noiva prefere Malibu, ao declarar o quanto Paris é bonita na chuva e ao preferir caminhar pela cidade, contradizendo a vontade dos demais. É durante essas caminhadas que a magia acontece. À meia-noite, um carro da década de 20 estaciona e os passageiros insistem para que ele se junte a eles. O passeio leva Gil a conhecer artistas como Jean Cocteau, Zelda e Scott Fitzgerald, Josephine Baker, Salvador Dalí, Pablo Picasso e Ernest Hemingway, que se oferece para mostrar seu romance para Gertrude Stein. Gil também conhece Adriana, amante de Picasso, que admite que também tem saudades do passado, principalmente da Belle Époque, para onde os dois são transportados por uma carruagem, durante mais um passeio noturno. Lá, eles encontram Henri de Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin e Edgar Degas, que afirmam que a melhor época para eles era o Renascimento.
A nostalgia, causada pela distância de algo que não nos pertence, pela vontade de regressar a um tempo que já não existe, pode ser fascinante, porque é idealizada. Qualquer época pode ser considerada uma época de ouro por quem não a viveu. Assim como qualquer passado pode, eventualmente, ser considerado meramente um tempo insípido. A realidade é que deveríamos usufruir do doce e o do amargo de cada momento do presente, única verdade que de fato possuímos.

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