Como viajar depois do Covid


Rachel Baccarini




Os últimos anos testemunharam um “boom” nas viagens internacionais como nunca visto antes. Bilhões de pessoas cruzaram o planeta à turismo ou à trabalho trazendo lucros fenomenais para companhias aéreas, agencias de viagens e setor hoteleiro. Os brasileiros responderam por uma significativa percentagem desses viajantes.

Com a pandemia, as pessoas se viram, de repente, impedidas de sair de suas cidades e os aviões ficaram nos pátios dos aeroportos. Vieram as restrições de viagem e, principalmente, o medo. Muitos, que baseavam suas vidas em onde passar as próximas férias, além de enclausurados, sentiram uma espécie de vazio, de falta de objetivo.

Bom, essa mobilidade sem limites de verdadeiras massas humanas em 1,4 bilhões de voos internacionais só em 2018, foi um dos fatores que facilitou a transmissão do vírus. A epidemia também nos mostrou como o que acontece do outro lado do mundo pode afetar você aqui no Brasil, mesmo que nunca tenha saído da sua cidade.

E agora, como vamos viajar daqui para frente?

As empresas aéreas e setor hoteleiro já estão se preparando para o retorno das viagens internacionais, estabelecendo fiscalização em aeroportos, alto padrão de higienização em hotéis e aviões, distância entre poltronas ocupadas, embarque e desembarque mais controlado, e outros procedimentos. Mas o fato é que muito vai depender da diminuição da transmissão do vírus, da vacina e do fim das restrições de viagem. Veja o exemplo atual de países da Europa que permanecem num “abre e fecha” das fronteiras dependendo do índice de transmissão do vírus.

Os profissionais do setor de turismo já têm algumas ideias para os próximos tempos. Intercâmbios serão fechados, viagens à trabalho e viagens de ônibus serão bastante reduzidas, os cruzeiros ficarão parados por um bom tempo, viagens locais e na natureza serão valorizadas e principalmente, as viagens em geral terão outro significado.

Após tanto tempo em isolamento dentro de casa, viagens terão novo significado para cada viajante. Menos compras e mais passeios ao ar livre, mais viagens em família e menos viagens a trabalho, mais viagens de carro dentro do país. O que significa na verdade um retorno à sobriedade, depois de um entusiasmo exagerado em torno de viagens internacionais que, para muitos, tornou-se demonstração de status social e busca por passeios rápidos nos lugares da moda só para dizer “eu estive lá”.

Você pode pensar, “mas depois vai tudo voltar ao que era antes da epidemia...” Eu, sinceramente, duvido. Mesmo quando tivermos uma boa vacina contra o coronavírus e quando ele parecer esquecido, vai haver sempre a sombra de outras epidemias já previstas, tão ou mais letais que a Covid, decorrentes do processo atual de destruição do meio ambiente. Mesmo sem pensar, vamos evitar lugares fechados e aglomerações, longas viagens de avião, lojas e museus superlotados.

Com sorte, o próprio conceito de status social vai sofrer uma mudança definitiva. Status vai ser cada um de nós cuidarmos da nossa parte do planeta, comermos menos carne, sermos mais solidários com as pessoas que estão próximas, andar a pé ou de bicicleta, valorizar os produtores e indústrias locais e se preocupar menos com os “selfies” nas viagens e mais em conhecer pessoas e culturas diferentes.









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Rachel Baccarini

E-mail: rachelbaccarini@hotmail.com

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